UMA ORELHA QUE FALA
Dos cinco sentidos, o livro
escolheu a orelha. Não porque ela ouve o livro falante, porque ela é fala. E
sendo paradoxo em si mesma trabalha silenciosamente abre-se de vida jamais
como mortalha Orelha é metalinguagem. Mais meta que linguagem.
E mesmo quando se diz de alguém grotescamente que frequenta orelhas de livro sente-se ela, a orelha, elogiada. Foi tocada por mãos, olhos e dedos na sua fala amaciada sempre um convite a uma leitura que mesmo adiada ficará no tato, olhos, nariz e garganta do leitor. Uma boa orelha que se degusta com os olhos faz salivar a alma antecipa o sabor.
Fernando Rios
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